Luiz Mott,
Antropólogo, ex-Dominicano,
Universidade Federal da Bahia e Grupo Gay da Bahia
O objetivo deste trabalho é revelar, de forma sistemática e tematizada, quase duas centenas de fatos e momentos, do século XVI à atualidade, que marcam a posição, primeiramente da Igreja Católica, em seguida das demais denominações religiosas, face à questão homossexual no Brasil. Analisamos igualmente o outro lado da medalha: os episódios relativos à luta dos próprios homossexuais e seus aliados, no resgate de sua cidadania plena, inclusive o direito ao reconhecimento de sua dignidade enquanto homo-religiosus desejosos de participar e ser respeitados nas comunidades eclesiais.
Para tanto, baseamo-nos em variegadas fontes de informação, resultado de três décadas de pesquisas etno-históricas sobre a homossexualidade no Brasil, incluindo manuscritos coletados em diversos arquivos, notadamente na Torre do Tombo de Lisboa,notícias divulgadas na mídia, livros e monografias – material disponível no Arquivo do Grupo Gay da Bahia e no arquivo pessoal do autor².
Tratando-se de um primeiro ensaio cronológico-temático sobre a relação entre Igreja e Homossexualidade no Brasil, somos quem primeiro reconhece as limitações, lacunas e eventuais incorreções deste trabalho, que esperamos sirva de pista para novas investigações idiográficas e nomotéticas mais profundas e abrangentes.
Numa tentativa inicial de organizar tais informações, tivemos por bem agrupá-las em catorze entradas, facilitando assim a melhor compreensão e debate sobre o binômio religião e homossexualidade no Brasil, a saber:
1. Reconhecimento da existência da homossexualidade no Brasil
2. O “vício dos clérigos”
3. Padres homossexuais assassinados
4. Homofobia cristã
5. Moralismo homofóbico
6. Protestantismo
7. Judaísmo
8. Espiritismo
9. Candomblé
10. Ativismo contra a homofobia religiosa
11. Obras simpatizantes
12. Obras fundamentalistas
13. Benevolência e aggiornamento cristão
14. Igrejas pró-homo
1. Reconhecimento da existência da homossexualidade no Brasil
Desde a chegada dos primeiros missionários ao Brasil, já nos meados do século XVI, noticiaram ministros católicos e protestantes a presença do “mau pecado” entre os ameríndios de ambos os sexos, sendo que alguns sacerdotes fizeram vista grossa de tal desvio, apesar de ser referido pelos documentos papais como “o mais torpe, sujo e desonesto pecado, o mais aborrecido a Deus. ”
1549: O Padre Manoel da Nóbrega relata que “os índios do Brasil cometem pecados que clamam aos céus e andam os filhos dos cristãos pelo sertão perdidos entre os gentios, e sendo cristãos vivem em seus bestiais costumes”
1551: O jesuíta Pero Correia escreve de São Vicente (SP): “O pecado contra a natureza, que dizem ser lá em África muito comum, o mesmo é nesta terra do Brasil, de maneira que há cá muitas mulheres que assim nas armas como em todas as outras coisas, seguem oficio de homens e tem outras mulheres com que são casadas. A maior injúria que lhes podem fazer é chamá-las mulheres.”
1557: O calvinista Jean de Lery refere-se à presença de índios “tibira” entre os Tupinambá, “praticantes do pecado nefando de sodomia”
1621: no Vocabulário da Língua Brasílica, dos Jesuítas, aparece pela primeira vez referência a “çacoaimbeguira: “entre os Tupinambá, mulher macho que se casa com outras mulheres”
1642: O Vigário Geral no Bispado de Pernambuco desviou das mãos do Escrivão do Crime um sumário de culpas contra dois criminosos no nefando, em troca de 300$000
1795: Dois Comissários do Santo Ofício de Minas Gerais, ao serem consultados pelo promotor da Inquisição de Lisboa a respeito de um tal Capitão Manuel José Correia, acusado de ser sodomita “público e escandaloso”, os referidos sacerdotes contentam-se em referi-lo como “tendo o gênio de mulher e muito extravagante, não obstante, suas ações de católico serem edificantes, tendo feito várias festas nesta matriz de S. José com todo o zelo ao culto divino, além de ter em sua casa um santuário que é o melhor que existe em toda a comarca, e por ter fama de impotente, e nunca se lhe soube (ter tido) praça alguma com mulheres, dizem que costumava convidar homens para uns com outros, na ação de (se) esquentarem, chegar o delato a ter polução...”
2. Vício dos clérigos
Não obstante os anátemas e a perseguição do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição contra “o abominável e nefando pecado e crime de sodomia”, também em Portugal e suas colônias, padres e frades constituiram 1/3 dos fanchonos e sodomitas denunciados, presos e sentenciados pelo “Monstrum Horribilem”, merecidamente chamado então de “vicio dos clérigos”. Alguns destes religiosos revelando grande desenvoltura e persistência no “mau pecado”.
1630: Padre Amador Amado Antunes, Clérigo de Epístola, 25 anos, natural do Porto, morador na Bahia, era sodomita tão infamado que “em o vendo nas ruas de Salvador, muitos diziam: lá vai o somítigo e chegando um estranho na cidade logo lhe diziam que tivesse cuidado com o padre”.
1646, Padre Antonio de Souza, morador em Salvador, é acusado pelo escravo Domingos Bango, angola que “carregando na rede ao Padre, este mandou que entrasse em sua casa e de portas fechadas, ordenou que mostrasse-lhe as vergonhas enquanto punha órgão desonesto na mão do negro, o qual após receber um beijo, disse-lhe que o sacerdote não era clérigo mas o diabo”, fugindo espantado
1669: “há fama pública e constante entre a plebe, clérigos, religiosos e nobreza da Bahia que o Padre José Pinto de Freitas exercita o abominável pecado nefando com homens, estudantes e rapazes, pegando-lhes pela braguilha, abraçando-os e beijando-os, acometendo-os com dinheiro, ouro e jóias, por ser rico e poderoso”
1730: Padre Antonio de Guizeronde, Jesuíta, Reitor do Colégio da Companhia, em Salvador, “viveu com notável escândalo todo o tempo de seu reitorado. Tinha dois recoletos no Recolhimento, Francisco de Seixas e Luiz Alves, pelos quais fazia incríveis excessos, indo alta noite, descalço e com chave falsa, ao Recolhimento, ter com eles... A prostituição dos mestres jesuítas com seus discípulos era tão grande e notória que me não atrevo a dizer, que poucos foram os mestres naqueles pátios que não tivessem declaradamente seus amásios. Tudo isto que tenho dito é trivial na Bahia, principalmente entre os alunos daqueles pátios”
1756: Frei Matias dos Prazeres Gayo, Carmelita calçado da Província da Bahia, 37 anos, entregou ao Comissário do Santo a seguinte confissão: “Remordido de sua própria consciência e temor de Deus mais do que outro castigo”, se acusa que quando tinha 18 para 19 anos, cometeu o pecado nefando com Frei José de Jesus Maria, carmelita da província de Pernambuco, persuadido de sua autoridade e ignorando a enormidade do delito e das penas, não sabendo ser matéria privativa do Santo Ofício, e que nestes atos sempre foi paciente e só uma vez agente, sob instância de seu superior”
1781: Ana Joaquina, enclausurada no Recolhimento da Misericórdia, “levava vida escandalosa pelas excessivas amizades que contraía com outras mulheres do mesmo recolhimento, chegando até a meter e ocultar dentro da cela outras mulheres para o mesmo pecaminoso fim”
1836: Frei Francisco da Conceição Useda, noviço do Convento de Nossa Senhora do Carmo de Salvador, foi expulso da ordem por ser “corruptor da mocidade, forçando escandalosamente aos mais companheiros noviços à prática da sensualidade contra naturam”
1855: Junqueira Freire, poeta, o mais famoso beneditino do Mosteiro de São Sebastião, na Bahia, é autor de um poema homoerótico intitulado “A um moçoilo”, onde confessa seus amores por um rapaz
1898: C.F., “sacerdote, 45 anos, de compleição regular, temperamento genital, representando eminente papel no Clero Brasileiro, no qual tem recebido um sem-número de blandícias adulatórias e de desarrazoados encômios pela aptidão injustificável com que dirige na educação moral, religiosa e literária, futuros representantes de nossa pátria querida, é adestrado penitente de amor pelas crianças - da pedandrorastia . Os sentimentos de pudor e religião são levados ao extremo grau; mas no silêncio dos seus aposentos, as fricções lúbricas e as carícias motivando abraços e íntimos contatos com ad hoc crianças escolhidas provocam, prescindidas a immissio membri in anum aut interfemora, uma grande excitação que seguida de orgasmo se prolonga usque ad ejucalationem seminis”
1898: T.O., “monge beneditino, branco, de grande erudição intelectual, verdadeira glória do clero brasileiro, que no púlpito sobretudo, firmou as bases do seu levantado talento, colhendo imarcescíveis louros de triunfo, neste doente, o vício pederástico degenerou em verdadeira moléstia e imenso acentuou-se nas campanhas do Paraguai, por forma a não respeitar nem elevadas patentes militares em suas carreiras impudicas. Todavia, ainda hoje, conta-se, que poucos não são os bambinos e ragazzos que no altar de sua atividade lúbrica, prestam-se reverentes em obediência aos enleios de estremecimentos estáticos aspergidos com o orvalho da volúpia”
1987: falece D.Clemente Nigra, beneditino, fundador do Museu de Arte Sacra da Bahia, homossexual notório; da mesma ordem beneditina, do Mosteiro de Olinda, o Abade é recluso num mosteiro da Europa após escândalo envolvendo-o com um funcionário casado
1987-1993: 27 padres católicos morrem de Aids no Hospital das Clínicas de São Paulo
1994: Padre João Batista Monteiro, 42 anos, do RS, assume sua homossexualidade na mídia
2002: numa relação de 96 notícias de denúncia de pedofilia divulgadas na mídia brasileira em 2002, 12 eram padres e frades
3. Padres homossexuais assassinados
Este é um tristíssimo flagrante da prática clandestina do “amor que (ainda) não ousa dizer o nome” sobretudo por parte de sacerdotes católicos: praticamente todos os anos um ou mais padres, pais de santo e em menor número também pastores, são vítimas de violentos crimes homofóbicos, assassinatos motivados pelo ódio à homossexualidade.
1970: Padre Paulo Fabres Jaques, de Passo Fundo, RS, assassinado a facadas por seu amante dentro de um cinema ao encontrá-lo namorando outro rapaz
1979: D. Pedro Villas Boas de Sousa, Bispo da Igreja Ortodoxa de Embu-Guaçu, SP, homossexual, assassinado a tiros pelo Padre Paulo Antonio Besso
1990: Padre José Santana da Silva, assassinado por um garoto de programa num motel em Fortaleza
1991: D. Magno Mattos Salles, 69, Bispo da Congregação dos Padres Missionários de Jesus, da Província Eclesiástica da Bahia, Itabuna, homossexual, assassinado por rapaz de programa
2002: Padre José de Souza Fernandes, 48, homossexual, professor da PUC/Minas, morto com dois tiros e cabeça esmagada por um garoto de programa, na estrada de Ibirité, MG
2004: Padre Antônio Cordeiro, 56, homossexual, assassinado por espancamento em sua casa em Presidente Prudente, SP, vítima de latrocínio
2004: Padre Moacir Bernardino, 60 anos, é assassinado com dois tiros, seu corpo foi jogado numa avenida da Vila Mauá, Goiânia; meses antes fora preso por suspeita de ter assassinado outro sacerdote
2004: Padre Paulo Henrique Keler Machado, 36, homossexual, assassinado em sua residência, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, encontrado um preservativo usado ao lado do corpo
2004: Frei Nicolau Wiggers, fransciscano, União da Vitória, PR, estrangulado num hotel por seu “filho adotivo” de 19 anos “Neguinho Mico”
2005: Padre Carlos Roberto Santana Prata, 34, homossexual, espancado e estrangulado por três homens nas margens de uma rodovia no Ceará
4. Homofobia cristã
A Igreja Católica capitaneou a perseguição aos “sodomitas” através do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição (1536-1821), prendendo, sequestrando os bens, açoitando, degredando e queimando na fogueira os mais escandalosos e “incorrigiveis”. Nos últimos anos, as Igrejas Evangélicas vêem adotando postura cada vez mais agressiva contra os amantes do mesmo sexo e transgêneros.
1547: primeiro “sodomita” degredado pelo Tribunal da Santa Inquisição portuguesa para o Brasil, (Pernambuco), Estevão Redondo, jovem criado de Lisboa
1580: Isabel Antônia, natural do Porto, é a primeira lésbica a ser degredada pelo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição para o Brasil (Bahia), processada igualmente pelo Bispo de Salvador
1591: Padre Frutuoso Álvares, 70 anos, vigário no Recôncavo da Bahia, “sodomita incorrigível”, é primeiro sacerdote homossexual a ser inquirido na 1ª Visitação do Santo Ofício
1592: Felipa de Sousa, lésbica contumaz, foi sentenciada pelo Visitador do Santo Ofício na Sé da Bahia: vestida simplesmente com uma túnica branca, descalça, com uma vela na mão, foi açoitada publicamente pelas principais ruas de Salvador, enquanto o Ouvidor lia o pregão: “a Santa Inquisição manda açoitar esta mulher por fazer muitas vezes o pecado nefando de sodomia com mulheres, useira e costumeira a namorar mulheres.” Foi degredada para todo o sempre para fora da capitania
1593: Marcos Tavares, mameluco, 18 anos, é o primeiro sodomita do Brasil a ser açoitado publicamente, pelas principais ruas de Salvador, degredado em seguida para a capitania de Sergipe
1646: O lesbianismo deixa de ser perseguido pelo Tribunal da Inquisição, passando para a alçada da justiça real e episcopal
1613: Índio Tibira Tupinambá do Maranhão, é executado como bucha de canhão por ordem do frades capuchinhos franceses em São Luís, “para desinfestar esta terra do pecado nefando”; é primeiro homossexual condenado à morte no Brasil
1613: Publicação do Regimento da Inquisição Portuguesa, de D. Pedro de Castilho, determina-se a pena de morte na fogueira para os sodomitas
1640: Publicação do Regimento da Inquisição Portuguesa, de D. Fernando de Castro, ratifica-se o poder do Santo Ofício de perseguir os sodomitas, condenando à fogueira sobretudo “os mais devassos no crime, os que davam suas casas para cometer este delito ou perseverassem por muitos anos na perdição”
1689: O Arcebispo da Bahia D. Frei Manoel da Ressurreição informa: “logo que entrei nesta minha Igreja, comecei a ouvir as vozes de um grande escândalo contra um homem chamado Luiz Delgado, dizendo que era devasso no pecado nefando, fui apurando o fundamento e achei que não era aéreo e que a fama era antiga... e que se ausentara para o sertão despovoado com um muchacho com o qual estava vivendo no mesmo escândalo...” Ordena sua prisão e remete-os para o Tribunal do Santo Ofício de Lisboa
1707: As Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, no artigo 958, “Como se deve proceder no crime da sodomia”, considera-o “o mais torpe, sujo e desonesto pecado”, devendo o infrator ser preso e encaminhado ao Tribunal da Inquisição de Lisboa. Artigo 964: “as mulheres que uma com outra cometerem o pecado de molície, sejam degredadas por três anos para fora do Arcebispado e tenham penas pecuniárias.” Artigo 965: “Sendo homens que com outros cometerem o dito pecado de molície, serão castigados gravemente com penas de degredo, prisão, galés e pecuniária. E sendo clérigos, além das ditas penas, serão depostos do ofício e benefícios.”
1821 : Extinção do Tribunal do Santo Ofício Português e fim da pena de morte contra os sodomitas
1930: D. Macário Schimidt, do mosteiro de São Bento de São Paulo, é internado por 8 anos no Asilo de Alienados do Juqueri devido “a práticas homossexuais com meninos pobres”
1985: O Presidente do Grupo Gay da Bahia é agredido com um murro na cara dado por um Batista da Igreja Sião, no Campo Grande, por protestar contra a identificação da Aids como castigo de Deus contra os gays
2001: Duas estudantes lésbicas são expulsas do Colégio Padre Eustáquio, Belo Horizonte, por troca de carinho
2002: Liminar da Arquidiocese do Rio de Janeiro impediu que Dom Carlos II, bispo da Igreja Brasileira Livre, levasse na Parada Gay do Rio de Janeiro a imagem de Santa Madre Paulina, que em vida foi acusada de ser lésbica, 2002: Numa relação de 94 denúncias de pedofilia registradas no Brasil, em 10 casos, os acusados eram sacerdotes católicos e um pastor evangélico
2002: O Bispo Dom Carlos II, chefe da Igreja Brasileira Livre, encontrou sua Igreja arrombada e no altar uma bomba com a mensagem: "Morte ao bispo GLS", em represália a celebração ao casamento de uma transexual
5. Moralismo homofóbico
Bispos e pastores proclamam nos púlpitos e através dos meios de comunicação mensagens agressivas contra os homossexuais, não só fornecendo carga pesada que justifica ações violentas e até assassinatos de GLTB, como subsidiando a homofobia de parlamentares cristãos que impedem a votação de projetos de ações afirmativas visando a cidadania dos homossexuais
1974: Padre Charbonneau: “O homossexual é um indivíduo doente, que precisa de tratamento psicológico e psicanálise para se corrigir, não é um vício mas uma doença.”
1984: O Cônego José Luiz Marinho Villac escreve na revista Doutrina Católica e Catecismo: “O que fazer ante os homossexuais cínicos e agressivos? Há pessoas em que a homossexualidade não se reduz a uma simples tendência, mas também se manifesta por prática consciente e contumaz, à qual dão toda a sua adesão interna e externa. E fazem de sua homossexualidade uma bandeira para a qual pedem o reconhecimento da sociedade, de modo arrogante, petulante e agressivo, exigindo que suas práticas obscenas, execráveis e antinaturais sejam reconhecidas como um comportamento normal, sadio e legítimo. Os que assim se conduzem devem merecer dos católicos o repúdio votado a todos os pecadores públicos e insolentes, que se declaram ou se comportam como inimigos de Deus e de Sua Santa Lei, pecado que brada ao Céu e clama a Deus por vingança. Devem ser repudiados, com nota de execração. Que Nossa Senhora livre o Brasil dessa infâmia.”
1994: D. Aloísio Lorscheider, Arcebispo de Fortaleza, declara: “Homossexualismo é uma aberração”
1995: D.Girônimo Anandréa, Bispo de Erechim, RS: “O homossexualismo é um desafio contrário às leis da natureza e às leis do Criador. As uniões homossexuais jamais podem equiparar-se com as uniões familiares. O bem comum da sociedade requer a desaprovação do seu modo de agir e não lhes sejam atribuídos direitos absolutos.”
1997:D.Edvaldo Amaral, Arcebispo de Maceió: “A união de homossexuais é uma aberração. Um cachorro pode até cheirar o outro do mesmo sexo, mas eles não tem relação. Sem querer ofender os cachorros, acho que isso é uma cachorrada! Esta é a opinião de Deus e da Igreja”
1997: Doze bispos da CNBB enviam representação a todos Parlamentares da Câmara dos Deputados de Brasília, condenando o projeto de Parceria Civil Registrada, considerando-o “deseducativo e lesivo aos valores humanos e cristãos.” Também a TFP - Tradição, Família e Propriedade enviou circular a todos os Deputados de Brasília declarando ter o apoio de 606 sacerdotes e 19 bispos contra o “casamento gay”, condenando o projeto por “escancarar as portas da legislação brasileira para a legitimação do coito pecaminoso, perverso e antinatural que caracteriza as relações homossexuais”
1997: O Chanceler da Cúria Metropolitana de S.Paulo, Cônego Antônio Trivinho e o Vigário Geral da Arquidiocese, D. Antônio Gaspar, negaram o casamento religioso a Carlos José de Sousa e Lurdes Helena Moreira, sob alegação de terem provocado pernicioso escândalo ao se declararem gay e lésbica. Mesmo após terem concluído o curso de noivos e terem pago as taxas da cerimônia, a Cúria proibiu a realização do ato.
1997: D. Eugênio Salles, Cardeal do Rio de Janeiro: “Os homossexuais têm anomalia e a Igreja é contra e será sempre contra o homossexualismo. Se todos os fiéis são obrigados a se posicionarem contra o reconhecimento legal das uniões homossexuais, os políticos católicos têm o dever moral de manifestar clara e publicamente seu desacordo e votar contra”
1998: D. Silvestre, Arcebispo de Vitória, “Homossexualismo é doença”
1998: Dom Amaury Castagno, Bispo de Jundiaí, “O homossexualismo é, simplesmente, uma aberração ética. A conduta homossexual é em si mesma execrável, como também o são o incesto, a pedofilia, o estupro e qualquer tipo de violência... O homossexualismo é antinatural, está mais que evidente que é algo contra a dignidade humana e o plano de Deus"
1998: Dom Eusébio Oscar Sheid, Arcebispo de Florianópolis, “O homossexualismo é uma tragédia. Gays são gente pela metade. Se é que são”
1998: O Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, de Anápolis, Goiás, em manifestação no Congresso Nacional, declarou: “o homossexualismo é um vício contra a natureza e os deputados devem vetar o projeto de Parceria civil de homossexuais”
2000: D. Estêvão Bittencourt, beneditino do Rio de Janeiro: ”O homossexualismo é contra a lei de Deus e contra a natureza humana. Mãe lésbica deveria perder o direito de educar o seu filho. A justiça não deve dar a guarda da criança (Chicão) a uma mãe lésbica (Eugênia, mulher de Cássia Eller).”
2000: D. José Antônio Aparecido Tosi, Arcebispo de Fortaleza; “O homossexualismo é um defeito da natureza humana comparável à cleptomania, ao homicídio e à irascibilidade’’
2000: na festa do mártir São Sebastião, 20 de janeiro, o Grupo Gay da Bahia divulgou documento na mídia proclamando São Sebastião como o patrono dos gays e elegendo o Mosteiro de São Sebastião dos Beneditinos da Bahia como o Santuário Homossexual do Brasil
2001: A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou a todos os 513 deputados federais uma carta advertindo sobre “o perigo das uniões antinaturais”
2001: D. Aloysio Penna, Arcebispo de Botucatu; “Por maior que seja a misericórdia com que a Igreja trata os homossexuais, ela não pode deixar de pregar que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados”
2001: D. Raymundo Damasceno Assis, Secretário da CNBB: “É um perigo aprovar as uniões antinaturais dos homossexuais”
2001: Padre parapsicólogo Giovanni Rinaldi, de Jacareí, SP, abre clínica para curar homossexuais, afirmando que “o homossexualismo é um desvio de comportamento, e pode ser tratado”
2002: Frei Jacir de Freitas Faria declarou: "a Bíblia condena a homossexualidade por ser ela uma relação de poder. A relação sexual entre homens mostrava a fraqueza de ambos e colocava em risco o poder de domínio exercido por eles"
2002: Padre Jesus Hortal, reitor da PUC/SP declarou: “O filho de Cássia Eller deve ficar com os avós. Com Eugênia, ele teria ambiente familiar incompleto e de moral discutível”.
2002: Padre Jorge Cunial, Superior de Seminário Arquidiocesano de São Paulo: “Em nosso seminário, pessoas homossexuais não entram”.
2003: D. Amaury Castagno, bispo de Jundiaí: “Mais uma vez, os grupos de homossexuais, com destaque para o da Bahia, liderado pelo inconveniente e ativo Luiz Mott, vêm a público defendendo o indefensável, exigindo leis que igualem em direitos os heterossexuais e os homossexuais. Daqui a pouco alguém estará proclamando, também, o direito ao roubo e ao latrocínio, a legalização do adultério e da malandragem”
6. Protestantismo
Nos últimos anos, lideranças de diferentes igrejas evangélicas têm assumido discurso e postura cada vez mais homofóbica, fundando grupos e realizando congressos destinados à “cura” de homossexuais, inclusive contando com o apoio de psicólogos e parlamentares. Pouquíssimos ainda são no Brasil os ministros reformados que ousam defender a dignidade do amor entre iguais.
1914: Pastor Pedro Moura, da Igreja Batista do Garcia, Salvador, após investigação e julgamento por sua congregação, é expulso devido à prática da pederastia
1972: Pastor Márcio Moreira, Igreja Presbiteriana, RJ: “a pressão que a sociedade exerce para que o homossexual mude de comportamento ou se marginalize, apenas agrava o problema”
1982: Pastor Arauna dos Santos, no Congresso Batista da Bahia, declarou: “O homossexualismo se trata de uma distorção da vida sexual normal. Deve ser combatido, quer através de um tratamento psicológico, quer através da assistência espiritual e do aconselhamento”
1986: Ministério entre homossexuais: Comunidade S8 em São Gonçalo, RJ e Desafio Peniel, Belo Horizonte
1994: fundado em São Paulo o Grupo de Amigos (GA), sucursal do GA/RJ, seguindo a mesma filosofia do Exodus dos Estados Unidos: “grupo de apoio e mútua ajuda às pessoas que desejam mudar sua orientação homossexual para heterossexual”
1994: os pastores John Donner e Pepe Hernandez, com apoio do exegeta e pastor presbiteriano Tom Hanks, da Associação Otras Ovejas, visitam 14 países da América Latina, inclusive o Brasil, mantendo contacto com lideranças do MHB
1995: o pastor e psicólogo Ageu H. Lisboa, coordena a SALUS: Rede Cristã de Transformação Integral, com sede em Araçariguama, SP, destinada a atendimento a ex-gays
1995: XII Congresso Vinde para Líderes: Impactando a liderança: Homossexualismo existe! Coordenadores: Carlos Henrique e Ruth Bertilac, Serra Negra, SP
1997: Fundação do MOSES (Movimento pela Sexualidade Sadia), com pastoral de recuperação de homossexuais e panfletagem com mensagens homofóbicas nas paradas gays
1997: Presidente do Partido Progressista Cristão,declarou: "casamento de macho com macho é semente de satanás"
1998: Fundação da filial Exodus Brasil, organização destinada à recuperação de ex-gays, sob a presidência do presbiteriano e agrônomo Affonso Henrique Lima Zuin, da Universidade Federal de Viçosa, MG
1998: III Encontro Cristão sobre Homossexualismo, promovido pela Exodus Brasil. A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis denunciou o caráter fraudulento deste evento, junto à OAB, Secretaria Nacional de Direitos Humanos e ao Conselho Federal de Psicologia e Medicina, o qual, no ano seguinte, aprovou portaria proibindo aos psicólogos “curar” homossexuais
1998: O cantor Edson Cordeiro revelou ter deixado de ser evangélico aos 16 anos depois de ter sido assediado sexualmente por um pastor protestante
1998: Um auto-intitulado ex-gay, o jornalista João Luiz Santolin, 32, declarou que há 14 anos se converteu ao evangelho e hoje trabalha com o grupo MOSES para curar homossexuais: “Diante de Deus, o homossexualismo é errado. Os gays têm de se arrepender deste pecado. Deus não ama o que fazem”
1999: Em Brasília, deputados católicos e evangélicos ameaçam boicotar a votação do ajuste fiscal do orçamento da União caso o Projeto de Parceria Civil Registrada fosse mantido na pauta.
2000: Antônio Carlos, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus de São Paulo, disse: “Deus criou apenas dois sexos, macho e fêmea, o terceiro sexo não existe, é uma maneira do diabo envergonhar a Deus usando a criação dele, que somos nós. Já soube de casos de família, que o marido era homossexual depois de anos de vida em comum. O diabo até consegue camuflar isso entre o casal para mais tarde puxar o tapete e destruir a família inteira. Mas nenhum homossexual é feliz, ainda que ele insista em dizer que sim, porque não está de acordo com a vontade de Deus”
2001: O Canal 24 (CNT-SKY) exibiu o pastor Silas Malafaia, usando gírias e trejeitos pouco apropriados a um religioso, o qual declarou: “Homossexual é uma aberração. Deus fez somente o macho e a fêmea e já foi comprovado pela ciência que ninguém nasce homossexual. Eu como psicólogo sei que é a ausência paterna que propicia esse desvio. Nós evangélicos, temos que nos unir contra esse desvio da natureza...Abram os olhos senhores deputados evangélicos!”
2001: O Conselho Nacional de Pastores do Brasil (CNPB) faz campanha nacional contra a reeleição dos deputados que votam a favor do projeto de lei que institui a união civil entre pessoas do mesmo sexo. O Deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE), católico carismático, dedicou-se igualmente a arregimentar apoio contra o projeto que está em tramitação desde 1995. O Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, declarou não aceitar a proposta da união civil
2005: fundação da Associação Brasileira de Apoio aos que voluntariamente desejam deixar a Homossexualidade, (ABRACEH)
7. Judaísmo
No judaísmo está a genese da homofobia cristã, e diferentemente do que já ocorre sobretudo nos Estados Unidos, onde há sinagogas “gay friendly” e mesmo rabinos gays e rabinas lésbicas, no Brasil o principal líder religioso judeu várias vezes declarou-se contrário à plenitude dos direitos dos homossexuais, refletindo o machismo e homofobia reinante na ideologia de grande parte das famílias de judeus brasileiros.
1998: Rabino Henry Sobel recebeu o troféu Pau de Sebo como inimigo dos homossexuais, por ter duas vezes se declarado contra a parceria entre pessoas do mesmo sexo, por considerar que pode prejudicar a família e a relação entre pais e filhos
2000: A Lista de Judeus Ortodoxos do Brasil repudiou a presença de um judeu homossexual Akiva Bronstein, declarando: “nós homens não temos nada contra os viados, só que não gostamos que eles estejam perto. Ficar divulgando sites na Internet de judeus viados é o mesmo que divulgar noticias anti-semitas”
2002: Rabino Steve Greenberg, o primeiro rabino ortodoxo a assumir sua homossexualidade, a convite do Festival Mix Brasil, esteve presente na exibição do documentário “Temendo a Deus”, de Sandi Dubowski, que retrata o cotidiano de judeus gays. Num debate na Congregação Israelense Paulista, contestou ponto por ponto a condenação à homossexualidade feita pelo Rabino Henry Sobel.
2002: a direção da Encontro Religioso Aldeia Sagrada, realizado no Rio de Janeiro, proibiu a representação de uma versão homossexual da Santa Ceia, com a participação de 12 travestis, organizada pela Igreja Brasileira Livre, de Campo Grande
8. Espiritismo
Não há um consenso entre as lideranças espíritas sobre a origem e como interpretar eticamente a conduta homossexual, oscilando entre a interpretação caridosa do “karma” da homossexualidade e transexualidade, à condenação bíblica.
1982: Chico Xavier: “Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhe dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra a instrução à maioria heterossexual. Todos os assuntos nesta área da evolução e da vida se especificam na intimidade de cada um”
9. Candomblé
Malgrado a inquestioável presença do homoerotismo e transexualidade na mitologia dos Orixás, e ao grande número de pais e mães de santo notoriamente homoeróticos, reina o “complô do silencio” entre os adeptos das religiões afro-brasileiras, assimilando a mesma homofobia herdada do judeo-cristianismo.
1947: Manuel Bernardino da Paixão, Pai de Santo do Terreiro Bate-Folha, Salvador, homossexual notório
1947: Procópio Xavier de Souza, filho de santo do Terreiro do Ogunjá , Salvador, homossexual notório
1956: Joãozinho da Goméia (BA, 1914- RJ, 1971), o mais famoso Pai de Santo de sua época, homossexual assumido, desfilou travestido de mulher em concurso de carnaval no Rio de Janeiro
1990: Edinho do Gantois, Ogã do Terreiro do Gantois: “O candomblé não condena o homossexual. Tem santos como Oxumaré e Logun-Edé que apresentam de seis em seis meses sexo diferente.”
10. Ativismo contra a homofobia religiosa
Desde sua fundação, o Movimento Homossexual Brasileiro reagiu contra a homofobia religiosa através de manifestações e atos políticos, protestando contra as visitas papais e declarações anti-homossexuais de lideranças católicas e protestantes.
1981: Pichação no muro da Igreja Batista do Garcia, Salvador: “Davi amava Jônatas” e “Respeitem os gays”, em represália às declarações homofóbicas do pastor desta igreja
1984: O Grupo Gay da Bahia inicia campanha “Ao clero brasileiro”, enviando moção aos bispos de todo país requerendo criação de pastoral para homossexuais. Apenas D.Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de SP, e mais três bispos acusam recebimento da carta-circular “Violência Crista”
1984: Luiz Mott e Huides Cunha, coordenadores do GGB, fazem palestra sobre “Homossexualidade e Religião” no Encontro de Teólogos Moralistas, em Salvador, onde Frei Antonio Moser, OFM diz que “carícias homoeróticas não constituem pecado, só a cópula anal”
1984: Moção enviada ao Padre Mathon, da Pastoral da Juventude de Salvador, em protesto pela condenação da presença de gays no grupo de jovens católicos
1985: Carta de protesto enviada aos jornais contra D.Eugênio Sales, Cardeal do Rio de Janeiro, por considerar a Aids castigo divino contra os gays
1985: Fundação da Associação Cristã Homossexual do Brasil em Salvador e divulgação do texto “O que todo cristão deve saber sobre homossexualidade”, primeira revisão exegética divulgada no Brasil sobre textos bíblicos relativos à homossexualidade
1986: Panfletagem do texto “A Homossexualidade à luz do Evangelho”, no Colégio Assunção, no Encontro das Religiosas da Bahia e Sergipe, Salvador; os militantes do Grupo Gay da Bahia foram expulsos do recinto, apesar de algumas religiosas estrangeiras acolheram-nos cordialmente
1986: Grupo Gay da Bahia envia carta de apoio a D.Gaillot, Bispo d’ Evreux, aliado à luta contra a homofobia, afastado por João Paulo II de sua diocese devido a entrevista publicada na revista Gai Pied
1992: Manifestação na Praça da Piedade,Salvador, contra a Visita do Papa João Paulo II, queima de sua encíclica onde condenava a homossexualidade
1992: o Patriarca Ornaldo Pereira funda em Rio Verde, Goiás, o Grupo Ipê Rosa por um Triângulo Cristão, publicando o livreto “Homossexualidade e a Bíblia”, posteriormente divulgado pelo Jornal Opção de Goiás
1992: Grupo 28 de Junho, da Baixada Fluminense, sob a liderança de Eugênio Ibiapino, e grupo Atobá, do Rio de Janeiro, realizam enterro simbólico do Cardeal D.Eugenio Sales em frente à cúria arquidiocesana
1994: o ex-seminarista católico Eugênio Ibiapino realiza cerimônia de casamento de Cláudio Nascimento e Adauto Belarmino, membros do Grupo Atobá, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência Social do Rio de Janeiro
1993: Celebração do tricentenário da condenação do primeiro sodomita brasileiro a ser sentenciado na Praça da Sé de Salvador, o mameluco Marcos Tavares, fixação da placa de mármore “Inquisição, nunca mais!”
1993: O Conselheiro Nacional de Combate à Discriminação do Ministério da Justiça, Luiz Mott, registrou uma representação no Conselho Federal de Psicologia contra o site da Igreja Batista do Cambuí (www.ibcambui.org.br), em Campinas, pelo artigo “Homossexualismo: doença, perversão ou natural?”, de autoria do pastor Isaltino Coelho Filho; o texto se apropria e utiliza conceitos científicos da psicologia de forma errônea e com a finalidade de justificar a intolerância e a discriminação contra os homossexuais. Dias depois esse texto é retirado do site.
1994: João Paulo II recebe do Grupo Gay da Bahia o troféu Pau de Sebo, como inimigo dos homossexuais
1998: O Identidade, Grupo de Ação pela Cidadania Homossexual de Campinas, SP, entrou com dois processos (criminal e por danos morais) junto ao Ministério Público contra o padre Marcelo Rossi por sua declaração no Fantástico: “o dia em que for provado que o homossexualismo é doença, serão mudados muitos pensamentos.”
2003: Após declaração do Papa contra o casamento gay, o Grupo Gay da Bahia inicia campanha nacional de “apostasia”, estimulando os homossexuais católicos a exigirem sua exclusão do grêmio da Igreja como protesto pela homofobia do Vaticano
2006: Grupo Estruturação LGBT de Brasília faz manifestação na porta da Embaixada do Vaticano contra declarações homofóbicas de Bento XVI
11. Obras simpatizantes
Uma vintena de livros e artigos, entre traduções e obras de autores nacionais, compõe a pequenina bibliografia disponível em português dos principais trabalhos simpáticos à ética homossexual.
1977: Publicação do livro A questão homossexual, do Padre Marc Oraison, Editora Nova Fronteira, RJ
1982: Publicação de A sexualidade humana. Novos rumos do pensamento católico americano. Kosnik, Anthony (Org.), Petrópolis, Vozes
1982: Publicação de Vida e Sexo, de Chico Xavier, Editora da Federação Espírita Brasileira
1985: a partir do início dos anos 80, o ISER, Instituto de Estudos da Religião, com sede no Rio de Janeiro, publica a revista Religião e Sociedade e Comunicações do ISER, promovendo seminários e eventos incluindo a homossexualidade, Aids e o movimento GLTB em sua agenda. Em 1985, num numero especial sobre Aids, publicou "Aids: Reflexões sobre a sodomia", de L.Mott
1985: Publicação de Homossexualidade: Ciência e Consciência, de Marciano Vidal e outros, Edições Loyola, SP
1988: Publicação do artigo “Homossexuais e ética da libertação: uma caminhada”, de Frei Bernardino Leers, OFM, na revista Perspectiva Teológica
1990: Publicação de Compreender o Homossexual, de Raphael Gallagher, Editora Santuário, Aparecida
1992: Publicação do livro A Homofobia tem cura? O Papel das Igrejas na Questão Homoerótica, de Bruce Hilton, Ediouro
1994: Publicação da obra Jesus: A luz da nova era, do Pastor Nehemias Marien, com dois capítulos: “Homossexualismo e moral cristã” e “Homossexualismo Sagrado”, Editora Record
1995: Publicação de Nos bastidores do Reino, do ex-pastor Mario Justino, narrativa de sua amarga experiência com a Igreja Universal do Reino de Deus, revelando suas experiências homoeróticas mantidas com pastores
1996: Publicação de “Padre e Pastores abençoam a união civil homossexual”, Boletim do Grupo Gay da Bahia, n.32
1998: Publicação de O Homossexualismo e Deus: Uma visão imparcial, de Fernando Worm, Editora Lar Irmã Esther, RS
1998: Publicação de Religião e Homossexualidade, Revista Mandrágora Núcleo de Estudos Teológicos da Mulher na América Latina (NETMAL) do Curso de Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo
1999: Publicação do livro Pastoral com homossexuais: retratos de uma experiência, do Padre José Trasferetti, Editora Vozes de Petrópolis
1999: Publicação da revista Estudos Teológicos: Homossexualidade. Escola Superior de Teologia, São Leopoldo, RS
2000: Publicação de Outros Hábitos - A história do amor proibido entre duas freiras, de Anna França, Editora Garamond
2001: Publicação de Desclandestinidade: Um homossexual religioso conta sua história, de Pedro Almeida, Edições GLS
2001: Publicação de O Enigma da Esfinge: A sexualidade, Editora Vozes, Petrópolis
2001: o Patriarca Onaldo Pereira traduz o livro Gathas de Zaratustra, fundando em Goiânia a Comunidade Asha ligada ao zoroastrismo mundial, associada à ABGLT, com forte presença gay na liderança da entidade e comunidades em São Paulo, Rio de Janeiro, , Paraúna, Fortaleza e Tamboril.
2002: Publicação de Uma brecha no armário. Propostas para uma teologia gay. André Sydney Musskopf, São Leopoldo, Escola Superior de Teologia
2002: Publicação de Homossexuais e Ética Cristã, de Bernardino Leers e José Trasferetti, Editora Átomo
12. Obras Homofóbicas
Uma dezena de traduções e livretos de autores nacionais, pastores evangélicos em sua maioria, reforçam a intolerância fundamentalista contra o amor homossexual, martelando no equívoco da “cura” da homossexualidade.
1979: Publicação de O Avesso do Amor, de Pastor Reuel Feitosa, Editora Betânia, Venda Nova, MG
1979: Publicação de Forças Sexuais da Alma, de Jorge Andréa, Editora Seleta, RJ
1986: Revista Ultimato: diversos artigos sobre homossexualismo como torpeza, depravação e pecado, associando a Aids ao castigo contra os gays
1987: Revista Ultimato dedica número à “Questão Gay: Ultimato recebe e corrige texto sobre homossexualismo do Grupo Gay da Bahia”
1989: Publicação de Cura para o Homossexual, de Brick Bradford e outros, Editora Betânia,
1990: Publicação de Homossexualismo: Doença ou Perversão? De Abraão de Almeida, Editora Vida
1990: Publicação de O Islam e o Sexo, de Fathi Yaken, SP
1993: Publicação de A cura do homossexual, de Leanne Payne, tradução de D.Heriberto Hermes, beneditino, bispo de Tocantins
1995: Publicação de O Amor às avessas... Homossexualismo, de J.Cabral, Editora Gráfica Universal do Reino de Deus, RJ
1997: Publicação de A Homossexualidade: Os homossexuais podem realmente mudar? de J.Ankerberger e J.Weldon, Apêndice de Ageu H. Lisboa, Editora Missionária Chamada da Meia Noite, P.Alegre
1998: Publicação de A Operação do Erro: O movimento gay cristão, de Joe Dallas, tradução de Hans Udo Fuchs, Editora Cultura Cristã
2000: Publicação de Pessoas Homossexuais, de Wunibald Muller, Editora Vozes
13. Benevolência e aggiornamento cristão
Malgrado o predomínio da intolerância, alguns poucos iluminados ousaram defender o respeito ao amor homossexual, outros condenando a violência de que são alvo as minorias sexuais.
1657: Padre Gregório Martins, 47 anos, deão da Sé do Porto, que advogou em Pernambuco, é acusado de que “inculcava e doutrinava no abominável pecado nefando, dizendo que só em Roma se podia viver, e que este pecado era muito gostoso e aquele que uma vez o começasse, era impossível a emenda e que não tinha mais circunstância que a fornicação simples e que se era mais inibido, era por impedir a reprodução natural, e nesta matéria falava dissoluta e escandalosamente que este pecado era o mais delicioso aos homens, e isto falava sem pejo”
1689: Padre Antonio Vieira, Provincial da Companhia de Jesus na Bahia, aluga sítio em Santo Amaro de Ipitanga, a um casal de sodomitas notórios, Luiz Delgado, processado por sodomia pela Inquisição de Évora, e Doroteu Antunes, ex-ator transformista
1967: Padre Jayme Snoeck, Teólogo Redentorista de Juiz de Fora, defende: “os homossexuais também são da nossa estirpe”, e em 1982 escreveu no livro Ensaio de Ética Sexual: “A homossexualidade não está sendo mais vista por teólogos europeus de envergadura como patologia, mas como uma variante natural da sexualidade humana. É bem possível que a linguagem erótica entre João e José, que são homossexuais, seja mais comunicativa do que entre Pedro e Maria, que constituem um casal norma. Os homossexuais também são da nossa estirpe”
1967: Frei Chico, dominicano, SP: “O homossexualismo é uma manifestação de amor. O homossexual é uma criatura que ama imensamente seus irmãos e manifesta esse amor à sua maneira. O homossexualismo é a antítese do capitalismo, pois o capitalista odeia seus semelhantes por ser cada um seu concorrente. O Cristo não veio ao mundo para condenar nada e sim para pregar o amor”
1983: Cardeal D. Avelar, Primaz do Brasil declara: “não podemos louvar nem incentivar as minorias homossexuais, mas dado que elas existem, não se pode nem se deve fazer violência contra os homossexuais: devemos ajudá-los e nunca violentá-los”
1987: Pastor Onaldo Pereira, da Comunidade Pacifista Cristã (Thunker), celebra em Salvador casamento de três casais homossexuais, incluindo Marcelo Cerqueira e Luiz Mott
1995: Padre José Trasferetti inaugura pastoral para comunidade de homossexuais e travestis na Paróquia de São Geraldo, recebendo neste ano o Troféu Triangulo Rosa do GGB
1995: O jornalista inglês Francis Mcdonagh, de Olinda, PE, correspondente dos jornais católicos Tablet de Londres e National Catholic Repórter, membro do Gay Christian Movement, UK, publica artigo onde aponta D.Lucas Moreira Neves como “martelo dos gays e negros do Brasil”
1996: Realização do Seminário Religião e Homossexualidade no Núcleo de Estudos Teológicos da Mulher na América Latina (NETMAL) do Curso de Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo e do Instituto Ecumênico de Pós-graduação em Ciências da Religião
1996: a teóloga Jeannine Gramick, SSND, se solidariza com o MHB em carta enviada ao presidente do Grupo Gay da Bahia
1997: D. Glauco Soares de Lima, Bispo Primaz, e mais sete bispos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, recebem o troféu Triângulo Rosa do GGB, por recomendarem "o diálogo, o bom senso e a preocupação pastoral em relação aos homossexuais"
1997: Pastor Robson Cavalcanti, fundador do Movimento Evangélico Progressista, de Recife, defende o projeto de parceria civil entre pessoas do mesmo sexo : “todas pessoas que pagama impostos, constroem uma sociedade e t}em direito a uma vida não discriminada.”
1998: Dom Mauro Morelli, bispo da Igreja Católica na Baixada Fluminense, foi testemunha e denunciou na imprensa a execução sumária de uma travesti. Bem na frente de seu carro, um homem atravessa calmamente a rua, saca uma pistola e a descarrega em dois travestis parados diante de um hotel na beira da estrada
2003: Cardeal Geraldo Majella Agnelo, presidente da CNBB, recebeu o Troféu Triângulo Rosa por sua declaração: "É legítima a reivindicação dos homossexuais de viver na sociedade sendo respeitados em suas diferenças, sem discriminações ou perseguições que os oprimam."
2006: Associação Brasileira de Antropologia aprova moção em protesto ao Vaticano por sua posição condenatória da homoconjugalidade e homoparentalidade
14. Igrejas pró-homo
Desde o início da década de 80, e particularmente nos últimos anos, diversos pastores, sobretudo da Igreja da Comunidade Metropolitana, depois seguidos por outras denominações, fundam no Brasil suas igrejas, oferecendo pastoral dirigida a “outras ovelhas”
1980: Pastor Mojica, da Igreja da Comunidade Metropolitana, visita o Brasil para fundar uma filial da ICM
198?: Padre Carlos Bulcão funda em Curitiba a Comunidade Fratriarcal, mudando-se depois para Salvador, publicando o boletim O Grito, (Natal, 1994), mantendo contacto com a Comunidade Pequenos Servos.
1991: Reverenda Isabel Pires de Amorin, da Igreja da Comunidade Metropolitana, ICM, diplomata brasileira, radicada nos EUA, ordenada pastora na ICM em Los Angeles, vem a Brasília para trabalhar junto ao Ministério de Relações exteriores, em Brasília e começa a organizar um Grupo de Direitos LGBT, que dá origem ao Superação, de Brasília e um Grupo da ICM
1992: Fundada em João Pessoa, PB, a Comunidade dos Pequenos Servos caracterizada “pela oração pessoal e comunitária, pela ação pastoral priorizando a causa da emancipação homossexual e livre orientação sexual”, publicando o boletim Tsedek até 1998
1996: Reverendo Roberto Gonzales, da ICM de Buenos Aires, vem ao Rio de Janeiro, a convite de Raymundo Pereira, que conhecera a ICM nos EUA, para tentar organizar um Grupo da ICM no Rio de Janeiro
1997: na Universidade São Paulo, por iniciativa do CAHEUSP, são promovidas palestras Pe. José Transferetti e do pastor Nehemias Marien sobre Homossexualidade/fé cristã, dando origem ao Ministério Outras Ovelhas
1997: Irmão Paulo Bonorino da Santa Face, de Canoas, RS, que desde a década de 70 teve dezenas de cartas e artigos publicados na imprensa nacional defendendo os direitos dos homossexuais, funda a Igreja Heterodoxa Brasileira, incluindo os homossexuais entre as populações a ser atendidas pela entidade
1998: Comunidade Cristã Gay, de São Paulo, inspirada pelo líder gay Elias Lilikan, mestrando da USP, oferece culto ecumênico para homossexuais, sendo ordenados Victor Orellana, 26 anos e Luiz Fernando, 27, os primeiros pastores afirmativamente homossexuais do Brasil, cerimônia presidida pelo pastor Neemias Marien, da Igreja Presbiteriana Bethesda, de Copacabana, RJ
2000: Em São Paulo inicia-se um Grupo da ICM, com o Rev Luiz Fernando Garupe, a ICM Emaús
2003: São nomeados novos pastores para organizar igrejas da ICM no Rio de Janeiro e Porto Alegre
2003: “sou pastor e sou gay”, declarou o Pastor Victor Orellana, 31 anos, chileno, vivendo há 27 anos em São Paulo numa família metodista, fundador da Igreja Acalanto
2004: Visita do fundador da ICM ao Brasil, o Rev Troy Pery
2005: Inaugurada a ICM de Niterói, sob o ministério do Pastor Gelson Piber (a quem agradecemos as informações sobre ICM no Brasil)
2005: Fundada em Brasilia a Harpazo – Movimento Cristão pela Diversidade, reunindo gays e lésbicas que se sentem excluídos de igrejas cristã, sob a presidencia da advogada Aline Dias 35
2005: Carta Aberta de Cristãos GLTB do Cone Sul, reunidos em São Leopoldo: “Deus está vivo, presente e libertando por meio do seu Espírito a pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais e a todas suas famílias. Somos testemunhos dele através dos ministérios inclusivos da diversidade sexual, que se desenvolvem em nossos países, e nas diferentes tradições cristãs das que participamos: Grupo de Celebração Ecumênica Inclusiva/ASPA - São Leopoldo, Brasil; Harpazo - Movimento Cristão pela Diversidade - Brasília/DF, Brasil; CEBI - Centro de Estudos Bíblicos - Pernambuco, Brasil; Integridade Brasil; Igreja Cristã Acalanto - São Paulo, Brasil; Igreja da Comunidade Metropolitana de Niterói (ICM) - Rio de Janeiro, Brasil; Igreja da Comunidade Metropolitana do Rio de Janeiro (ICM) - Brasil; Igreja da Comunidade Metropolitana do Centro (ICM) - Buenos Aires, Argentina; Fundação Outras Ovelhas da Argentina pela não Discriminação; Igreja Cristã Missionária de Buenos Aires, Argentina; Cristãos Evangélicos Gays, Lésbicas Argentinos (CEGLA); Comunidade Cristã Ecumênica Gay, Lésbica (CEGAL) - Santiago, Chile; Otras Ovelhas - América Latina; Lutherans Concerned - North América; Diaconía Cristiana em la Diversidad - ICM Uruguai - Montevideo, Uruguai.
2006: as reverendas Darlene Garner, 56, e Nancy Wilson, 55, bispa regional para o Brasil e moderadora mundial da Fraternidade Universal das Igrejas da Comunidade Metropolitana (ICM), participam em Porto Alegre, RS, da Assembléia do Conselho Mundial das Igrejas
2006: A Bispa da ICM para a América Latina encerra as atividades da ICM do Rio de Janeiro, destituindo o pastor
2006: É instalada a ICM de Brasília, de Teresina, de São Paulo e uma nova ICM no Rio de Janeiro e iniciam-se Grupos em Salvador, São Luiz e Fortaleza
2006: O pastor Patrick Thiago, da Igreja Comunidade Cristã (ICM), de Brasília, celebrou em Goiânia o casamento de duas lésbicas, Ana Paula Silva, 25, e Katiane Freire da Silva, 23
À guisa de conclusão
A leitura destes quase duzentos fatos e momentos, do século XVI à atualidade, que marcam a posição, primeiramente da Igreja Católica, em seguida das demais denominações religiosas, face à questão homossexual no Brasil, permitem avançar algumas conclusões:
1] Apesar da intolerância homofóbica capitaneada pela Igreja Católica através da Santa Inquisição (1536-1821), a teologia moral da época condenou notadamente os praticantes escandalosos da cópula anal (sodomia perfeita), transferindo às justiças do Rei e do Bispo, graças ao casuísmo da teologia moral da época, a perseguição a outras manifestações homoeróticas (molície, travestismo)
2] Mesmo numa época em que o homoerotismo era equiparado e tratado legalmente com o mesmo rigor dos crimes de traição nacional e ao regicídio, apesar do rigor dos Regimentos Inquisitoriais, sempre houve por parte das autoridades religiosas e civis certa indiferença aos fanchonos e sodomitas, prendendo e processando apenas os mais escandalosos e incorrigíveis, 14 do Brasil, nenhum chegando à pena máxima da fogueira
3] Malgrado o risco de ser identificado como réu do abominável crime de sodomia, alguns amantes do mesmo sexo ousaram desafiar as justiças civil e religiosa, ostentando estilo de vida identificado com a subcultura gay da época, chegando inclusive a um incipiente discurso afirmativo e identitário
4] Também no mundo luso-brasileiro, a homossexualidade floresceu infrene no meio religioso, merecendo com justeza também entre nós o epíteto medieval de “vício dos clérigos”, chegando até à atualidade e refletindo-se no elevado numero de padres homossexuais vítimas da Aids, de crimes homofóbicos e envolvidos com pedofilia
5] A partir dos meados do século XIX, o discurso médico apropria-se da categorização e tentativa de cura dos “pederastas”, substituindo o antigo protagonismo da Igreja Católica na repressão dos sodomitas, produzindo discurso higienista seguindo o modismo europeu
6] Chama a atenção o mutismo da Teologia Moral em língua portuguesa na reflexão sobre a questão homossexual – praticamente inexistente para o período colonial e imperial, somente vindo a lume as primeiras publicações teológicas a partir dos meados anos 70 – traduções em sua maioria, seguidas de trabalhos de síntese de teólogos do Brasil, a maior parte manifestando certa tolerância à homofilia
7] Com o surgimento do Movimento Homossexual Brasileiro, notadamente a partir dos primeiros anos da década de 80, surgem ações e escritos em defesa dos direitos religiosos e reivindicando pastorais para homossexuais, denunciando a homofobia da hierarquia católica e reformada
8] A reação das principais lideranças católicas e das igrejas fundamentalistas inicia-se no Brasil ainda nos finais dos anos 70, quer com tradução de obras anti-homossexuais, com a importação de grupos de apoio a “ex-gays”e nos últimos anos, com a pressão junto à instância governamental boicotando a concessão da cidadania plena à comunidade GLTB
9] Como forma mais orgânica e eficiente de enfrentar essa agressiva e inconstitucional intolerância fundamentalista, fundam-se também em algumas capitais do Brasil, a partir dos anos 90, quase uma dezena de igrejas destinadas à comunidade homossexual, com pastores simpatizantes ou abertamente gays
10] O balanço geral destes quatro séculos de enfrentamento das Igrejas face à questão homossexual é preocupante, pois embora a Inquisição tivesse poder para condenar à morte, não executou nenhum sodomita do Brasil, enquanto hodiernamente, há mais de 180 anos de extinção do Santo Ofício, todos os anos, mais de cem homossexuais são barbaramente assassinados, vítimas de crimes homofóbicos, crimes que têm sua inspiração e legitimação no discurso anti-homossexual dos Católicos e sobretudo dos Evangélicos. Urge que a intolerância fundamentalista anti-GLTB seja desconstruída, que mais e mais homossexuais religiosos pressionem suas igrejas para acatar caridosamente os “filhos da dissidência”, e que as igrejas GLTB expandam sua atuação pois “a messe é grande e poucos são os operários... e os inimigos nos espreitam como lobos vorazes...”
¹ Comunicação apresentada no II Congresso Internacional sobre Epistemologia, Sexualidade e Violência, São Leopoldo, RS, Escola Superior de Teologia, 16-16/8/2006, no prelo.
² Artigos e bibliografia podem ser consultados em www.luizmott.cjb.net e http://bibliohomo.marccelus.com/
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