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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O que é Falo?




Falo, genéricamente pode ser definido como o pênis ereto. Etimológicamente tem origem latina e grega - Phallus. Porém seu significado tanto dentro da religião como dentro da psicanálise é mais profundo. E muitos homens não procuram penetrar nesses seus mistérios, em busca de autoconhecimento e de contato com o Sagrado.
Eugene Monick autor do livro Falo - a sagrada imagem do masculino, afirma em sua obra que os homens precisam compreender melhor seu gênero e a sua sexualidade. Que mesmo vivendo em um mundo patriarcal os homens não compreendem a base da identidade masculina natural e espontânea.
O Falo, o pênis ereto, é o emblema de masculinidade é através dele que a masculinidade é definida. O Falo é o ponto de referência do homem. Eugene Monick diz:


" Fortaleza, determinação, eficácia, penetração, avanço, dureza, força, tudo
isso é efetivado pelo falo. O Falo é a marca fundamental da masculinidade, seu
selo, sua impressão. A ereção aponta para uma poderosa realidade interior que
funciona no homem e que não está totalmente sob seu controle."(pg. 10)



A grande maioria dos homens, não possuem consciência da importância de seu Falo. Não o valoriza e não o reconhece como sagrado. Alguns podem até encarar esse assunto com estranheza. Porém é uma realidade! O homem utiliza do Falo para se definir como homem. Muitas vezes dá nomes para seu Falo, conversa com ele. Mesmo inconscientemente, está criando uma relação com seu Falo, estabelecendo assim uma conexão com seu deus interior.
Eugene afirma:


"O Falo é a autoridade subjetiva para o homem, e objetiva para aqueles que
entram em contato com ele. Isso é o que torna o Falo arquetípico. Nenhum homem
tem de aprender o que é Falo. Este se apresenta a ele, como um deus o faria.
(...) Os homens necessitam de conhecer sua fonte de autoridade e a respeitar seu
símbolo sagrado. O Falo abre a porta para a profundidade masculina."(pg. 10)



O Falo, além de ser o ponto forte do homem, fonte de sua autoridade, força e determinação, a lança do caçador, a espada do herói, é também seu ponto mais sensível. Que homem não se sente ferido quando alguém fala mal de seu Falo? Que é pequeno ou impotente. Isso porque sente sua masculinidade, sua confiança sua força diminuida, se sentem castrados. Os homens sofrem quando sua identidade fálica é ameaçada, independente da idade, todo homem se sente afetado.
Eugene Monick questiona:


"Qual é a razão pela qual a diminuição da masculinidade é igualada à perda do
órgão sexual masculino, enquanto a obtenção da masculinidade é equacionada ao
seu uso ativo? A questão nos traz mais perto da qualidade reveladora do Falo. O
psiquismo emerge: o Falo é portador da imagem masculina de deus que o macho traz dentro de si." (pg. 17)



Se o Falo é a imagem de deus dentro de nós, homens. Como você
tem tratado seu deus interior? O homem, costuma a não cuidar de sua saúde e da sua higiene como a mulher. Porém isso não tem relação com a natureza do Falo, mas sim, algo que nos foi imposto por uma sociedade patriarcal e machista, em que o homem não pode ser vaidoso, não pode cuidar de sua aparência, de sua imagem. Em sociedades primitivas, como os indígenas brasileiros, os homens se banham todo dia, se pintam, se enfeitam com penas coloridas, possuem seus rituais e cuidados estéticos. Então chamar um homem "porco" de "homem das cavernas" não é totalmente certo, pois até nas cavernas os homens se pintavam e cuidavam de sua imagem, afim de parecer mais atraente para a fêmea.

Starhawk em seu célebre livro, A Dança Cósmica das Feiticeiras, afirma:



"Se o homem tivesse sido criado à imagem do Deus Galhudo,
estaria livre para ser indomado sem ser cruel, irado sem ser violento, sexual
sem ser asexuado e capaz de amar verdadeiramente."
Ou seja, se o homem fosse criado em uma sociedade que permitisse a ele entrar em contato com seu Falo, com a verdadeira masculinidade, não haveriam tantas guerras de egos entre superpotencias mundiais, que querem que seus Falos sejam mais inflados do que os outros. O que é contra a natureza. Pois o Falo eternamente rígido é inconviniente e desconfortável para a vida diária do homem. Causando o priapísmo, uma doença dolorosa em que o homem fica em uma ereção permanente sem prazer, sem estar verdadeiramente excitado. É assim que o patriarcado se encontra totalmente rígido sem oferecer aos homens e principalmente as mulheres, o verdadeiro prazer.

Um Falo real e saudável tem que ser flexível. Eugene Monick diz:



"A ressureição do Falo tem a ver com a capacidade do membro
masculino da voltar à vida, vezes sem conta, depois da derrota da morte." (pg.
18 e 19)
Está é a explicação para as mitologias relacionadas as divindades masculinas como Osíris, Tamuz, Adonis e até mesmo Jesus, que passam por um período de morte e de regeneração, assim como o Falo.


"Cada vez que o Falo explode em orgasmo ele morre. Energia jorra pelo Falo como
fonte de vida com grande excitação, e seu tempo acaba."
Ou seja após o Deus cumprir seu papel de fecundar a Terra de jorrar sua energia fertilizadora, seu sêmem, para que a vida pemaneça ele morre. E depois de um tempo em repouso, renasce para que a vida possa ser mantida novamente. É assim os ciclos anuais do Sol. O Sol Nasce no Soltício de Inverno, fica forte na Primavera, chega ao seu ápice no Verão (orgasmo) e começa a morrer no Outono.

Em muitas espécies na natureza como as aranhas viúvas negras e gafanhotos, a fêmea devora os machos após a fecundação, pois o macho já cumpriu seu dever natural de fertilizar a fêmea para manter a espécie. Claro que isso não se aplica a espécie humana (por favor não queremos ser devorados pelas mulheres), pois em nossa sociedade atual, onde há uma super população não precisamos sair por aí fertilizando todas as mulheres que encontrarmos pela frente. Não obstante, temos que nosso dever de doar energia para a Terra, e podemos fazer isso através da Masturbação Sagrada, que falarei sobre isso num próximo post.

A natureza do Falo é extrovertida, diferente da Yoni (vagina) que é um órgão interno. "O Falo se levanta, como se para ser notado."

Porém muitos homens possuem vergonha de seu órgão definidor, escondendo sua fonte de autoridade e de poder, não expondo sua genitália, sua sexualidade, seu deus interior. E utilizando de uma forma negativa de expor seu Falo, substituindo o Falo por autoritarismo, superioridade, domínio sobre as mulheres, riqueza, heroísmo, competitividade em demasia e inflexibilidade. Dessa forma a lança do caçador, a espada do heroí, se torna uma arma que é usada para subjulgar os mais fracos, estuprar, dominar e fazer guerras.

Tudo isso ocorre por culpa de nossa sociedade que não permite ao homem expor sua verdadeira masculinidade, não permitindo que o homem penetre em seus mistérios. O homem só expõe o falo em vestiários e banheiros e mesmo assim evita expor uma ereção para não ser visto como homossexual. Nos deparamos assim com um paradoxo, a necessidade de esconder aquilo que exige ser mostrado.

Que homem conversa com outro a respeito de seu Falo? Sobre suas dúvidas, seus medos? Um homem pode compreender melhor outro. Compartilhando entre si suas experiências, suas feridas, fraquezas e vitórias.

Para isso acontecer é necessário que se crie círculos masculinos que tratem sobre assuntos relacionados ao Sagrado Masculino.

Espero que esse blog ajude aos homens a pensar em seu verdadeiro papel na sociedade, curar suas feridas e mudar o pensamento que nos foi imposto por anos de patriarcado cristão.

E termino o post com uma pergunta para reflexão de todos:

Como você trata seu Falo, seu deus interior? Você usa sua lança, sua espada para o benefício própio e de sua comunidade, ou utiliza como arma para subjulgar os mais fracos e ganhar falsa autoridade?

Que o Senhor do Falo Sagrado esteja com todos e que o Senhor Selvagem os guie em direção ao verdadeiro significado de ser HOMEM!


Fontes: MONICK, Eugene - Falo, a sagrada imagem do masculino

São Paulo: Edições Paulinas, 1993, - (Amor e psique) - Super recomendo a qualquer homem que busca o autoconhecimento.


STARHAWK - A Dança Cósmica das Feiticeiras

Rio de Janeiro: Record: Nova Era, 1997.

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